Quinta-feira, 28 de outubro de 2010
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Fila para homenagear marido da presidente Cristina alcançava 2 km. Ele morreu repentinamente, na véspera, de ataque cardíaco
O velório do ex-presidente da Argentina Néstor Kirchner, que morreu na quarta-feira (27) aos 60 anos de idade após uma parada cardíaca, começou pouco depois das 10h locais desta quinta (11h pelo horário brasileiro de verão), na Casa Rosada, sede do governo argentino.
Uma multidão aguardava do lado de fora do prédio para visitar o corpo do marido da presidente Cristina Fernández de Kirchner. A fila de populares para a visitação, que se estendia por várias ruas próximas, tinha cerca de dois quilômetros.
Cristina apareceu no velório acompanhada dos filhos Máximo, de 32 anos, e Florencia, de 19. Foi sua primeira aparição pública após a morte do marido e parceiro político.
O corpo do ex-mandatário argentino chegou a Buenos Aires à 1h50 local (2h50 de Brasília) em um avião no qual viajou também a presidente Cristina Kirchner e o filho mais velho do casal, Máximo.
Durante a madrugada, argentinos fizeram vigília na Praça de Maio, em frente à Casa Rosada, em homenagem a Kirchner.
Os presidentes da Bolívia, Evo Morales, do Equador, Rafael Correa, e do Uruguai, José Mujica, já estão em Buenos Aires para participar do funeral. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva cancelou a participação no comício de encerramento da campanha da candidata à Presidência, Dilma Rousseff, no Recife (PE), para comparecer ao velório do ex-presidente da Argentina.
Após o velório na capital, o enterro deve acontecer na sexta-feira em Río Gallegos, cidade natal de Kirchner, na de Santa Cruz (sul do país).
Nova etapa política
Kirchner, vítima de um infarto na quarta-feira, aos 60 anos, tinha grande influência no governo de Cristina. Os mandatos dele e da mulher foram marcados por uma forte presença do Estado na economia, o que seguidores dizem que ajudou a resgatar o país da grave crise de 2001-02.
O ex-presidente era considerado forte candidato a voltar à Casa Rosada na eleição de outubro de 2011. Sua morte amplia a possibilidade de que Cristina - cuja popularidade nas últimas pesquisas era maior que a do marido - tente a reeleição. Mas a aprovação da presidente está em torno de 35 por cento, baixa demais para sugerir que ela possa obter uma vitória na eleição de 2011.
Kirchner era visto com desconfiança pelos mercados, e sua morte provocou uma alta na cotação dos títulos públicos e ações do país. Por outro lado, seu desaparecimento no polarizado cenário político argentino agrava as incertezas neste período pré-eleitoral.
Analistas dizem que Cristina - que a exemplo do marido é conhecida por confrontar líderes empresariais e adotar políticas que desagradam os investidores - poderia agora assumir um tom mais conciliador, a fim de obter um apoio mais amplo.
Mas ela provavelmente manterá junto a si o círculo íntimo de colaboradores que já acompanhava o "casal presidencial" e a morte dele pode gerar uma onda de solidariedade que melhore a popularidade de Cristina, ao despertar nos argentinos a lembrança da forte recuperação econômica vista no mandato de Kirchner (2003-07).
Líderes da oposição também prestaram tributo à habilidade política de Kirchner, mas agora podem se sentir estimulados a recuperar a presidência em 2011.
Fonte: Gazeta do Povo